CBDG

O surgimento da CBDG e dos esportes de gelo do Brasil começaram em 1988, mas não por conta da inesperada participação jamaicana de bobsled nos Jogos Olímpicos daquele ano. Mas sim pelo fato de Eric Leme Walther Maleson, então aluno de engenharia da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, largar a faculdade e ir atrás do sonho de morar nos Estados Unidos. 
Lá conseguiu fixar residência, encontrar sua atual mulher e em 1990 abriu uma empresa em que vendia os mais variados tipos de sopas. Praticava esqui e snowboard, até que num dia conheceu o tal do bobsled. E como aqui no Brasil era fã de automobilismo (chegou a andar de kart na infância), logo abraçou o novo esporte. 
Inspirado um pouco pela participação jamaicana, resolveu iniciar as atividades do Bobsled brasileiro em 1994, logo após os Jogos de Lillehamer, na Suécia, quando entrou na escola de pilotagem de bobsled nos Estados Unidos após aprimorar a parte física. 
Concluído o curso, voltou para o Brasil e recorreu à federações de atletismo para completar a equipe com mais quatro atletas (os puxadores precisam da explosão muscular que os atletas de 100 metros rasos possuem). E foi assim que, em 1996, surgiu a ABBSL (Associação Brasileira de Bobsled, Skeleton e Luge), uma necessidade para disputar os Jogos Olímpicos de Nagano, em 1998. 
No ano seguinte a inesperada vaga olímpica foi confirmada após a equipe atingir 60 pontos em cinco corridas diferentes, o mínimo para conseguir o índice. Em fevereiro de 1998 o trenó e a equipe desembarcaram no Japão, mas logo veio a surpresa: a entidade não era reconhecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro e foi eliminada, apesar dos protestos. 
Assim, em 1999, a filiação ao COB aconteceu e o time passou a se preparar para os Jogos de 2002. Nesse ciclo olímpico dois atletas de luge começaram a praticar o esporte: Renato Mizoguchi e Ricardo Raschini. No sul, Emílio Strapasson começou no skeleton. E assim os esportes de gelo fincaram bandeira em terras tupiniquins.
Em 2002 o trenó brasileiro e os dois atletas de luge conseguiram vaga olímpica e participaram dos Jogos em Salt Lake City (EUA). Com o sucesso midiático dos "frozen bananas" (banansa congeladas, em alusão ao trenó totalmente amarelo), Eric resolveu expandir as ações da ABBSL.
Contactou patinadores nos Estados Unidos com descendência brasileira para integrar competições. Viu surgir uma dupla feminina de bobsled, além de Felipe de Souza na patinação de velocidade em pista curta. Elaborou um projeto de Centro de Excelência em Campos do Jordão e imaginava um crescimento a longo prazo de todas as modalidades. Em 2003 a ABBSL virou CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo).
Aos poucos, porém, o sonho foi ruindo. Em 2005 Renato Mizoguchi sofreu um grave acidente e por muitos anos o país ficou sem praticantes no luge. Emílio Strapasson largou o Skeleton, retornou em 2010, mas aposentou de vez em 2011. Mesma situação de Felipe de Souza. O trenó brasileiro, com tecnologia obsoleta (faltava verba para investimentos), até conseguiu a vaga em 2006, mas ficou longe dos Jogos Olímpicos de 2010. O time feminino passou perto, ficou a uma posição do ranking para entrar em 2010, mas também sucumbiu.
De quebra, surgiram supostas denúncias de corrupção justamente com o Centro de Excelência em Campos do Jordão, que nunca saiu do papel. Em 2011 um grupo de atletas e ex-atletas, liderados por Edson Bindilatti (do bobsled), elaborou um dossiê com denúncias contra Eric. Ele foi afastado judicialmente do cargo de presidente e Emílio Strapasson foi nomeado interventor.
Eric, porém, conseguiu uma liminar e resolver escancarar a polêmica. Com vídeos, informou que a sede da CBDG no Rio de Janeiro foi invadida a mando do COB, que prontamente negou a informação, apesar de todas as provas. Único opositor de Carlos Arhur Nuzman, ele também resolveu lançar uma chapa de oposição nas eleições do Comitê neste ano, não aceita pela entidade.
Eric foi novamente afastado em novembro de 2012 e prometeu levar o caso ao Conselho Nacional de Justiça.  Emílio, novamente nomeado como interventor, convocou eleições em junho e foi eleito presidente para os próximos quatro anos.
Seu principal desafio é retomar os contatos atrás de patrocinadores e buscar verbas federais (a CBDG está novamente apta para pleitear recursos). Ao mesmo tempo em que tenta retomar a estrutura para os atletas que praticam as modalidades de gelo.
Mesmo sem repasse da Lei Piva entre 2009 e 2012 e com tecnologia obsoleta, a CBDG conseguiu reencontrar seu rumo nos Jogos de Sochi, em 2014. O time de bobsled, remontado às pressas em 2013, conseguiu a vaga tanto no quarteto masculino quanto com as mulheres. A patinadora  artística Isadora Williams conseguiu a inédita vaga olímpica na modalidade e seu colega Luiz Manella ficou muito próximo da vaga. Além disso, Leonardo Raschini no luge e o time de skeleton também flertaram com os Jogos.
Com a primeira missão cumprida de forma impecável, cabe à CBDG aproveitar este novo bom momento para atrair novamente patrocinadores e fomentar outras modalidades. O curling já deu seus primeiros passos, com a criação da Copa Brasil e a participação no Mundial de Duplas Mistas. O hóquei no gelo também avançou, participando do Pan-Americano de Hóquei no gelo - a primeira equipe nacional a competir em um torneio reconhecido pela IIHF.

Esportes de gelo
  • Bobsled
  • Luge
  • Skeleton
  • Patinação Artística
  • Curling
  • Patinação Velocidade
  • Hóquei no Gelo
Participação olímpica
  • Salt Lake City (2002) - bobsled masculino (Eric Maleson, Cristiano Paes, Edson Bindilatti, Matheus Inocêncio e Rodrigo Palladino) e luge masculino (Renato Mizoguchi e Ricardo Raschini)
  • Turim (2006) - bobsled masculino (Ricardo Raschini, Edson Bindilatti, Claudinei Quirino e Márcio Silva)
  • Sochi (2014) - bobsled masculino (Edson Bindilatti, Fábio Gonçalves, Edson Martins, Odirlei Pessoni e Davidson de Souza), bobsled feminino (Fabiana dos Santos, Sally Mayara e Larissa Antunes) e patinação artística (Isadora Williams)
Alguns resultados de destaque da CBDG
  • Bobsled masculino: 27º nos Jogos Olímpicos de 2002; 25º nos Jogos de 2006; 28ª posição nos Jogos de 2014; uma medalha de ouro na Challenge Cup (2006) e três medalhas de bronze na America's Cup (2000 e 2001, duas vezes). 
  • Bobsled feminino: cinco medalhas de ouro (2002, duas vezes, 2009 e 2014, duas vezes), uma medalha de bronze (2009) na America's Cup; e 19ª posição nos Jogos Olímpicos de 2014
  • Luge: 45º e 46º nos Jogos Olímpicos de 2002; uma medalha de prata para Ricardo Raschini na Copa Alberta (Canadá) em 1998 e uma medalha de bronze para Renato Mizoguchi na Copa Nagano (Japão) em 2003
  • Patinação Velocidade: medalha de prata para Felipe de Souza na prova 500 metros pista curta nas Provas Regionais Sudeste do Canadá em 2004
  • Skeleton: única participação em Mundial em 2011, com Emílio Strapasson
  • Patinação artística: medalha de bronze para Isadora Marie Williams na prova feminina do Golden Spin, Croácia, em 2012; 30ª posição nos Jogos Olímpicos de 2014.
  • Curling: participação no Mundial de Duplas Mistas de 2014
  • Hóquei no Gelo: participação no 1º Pan-Americano de Hóquei no Gelo em 2014